É muito comum observarmos jovens que não seguem suas profissões dos sonhos sob o argumento da segurança financeira. Também é comum ver alguns profissionais que, durante décadas, foram induzidos pela sociedade a escolher caminhos que seguem os mesmos padrões dos pais ou de alguma história de sucesso. Seja pela segurança ou pela facilidade de encontrar uma profissão, digamos, mais familiar, essa geração de jovens, dificilmente seguirão seu sonho e desta forma, podem ter um desempenho pouco criativo em sua vida profissional, tornando-a entediante. Ter nossa vida adulta pautada no que gostamos é um grande passo para a felicidade, não é mesmo?
Perceba que um sonho de infância não realizado sempre faz parte de nossos pensamentos inconscientes. Com o passar dos anos, diversos serão os momentos nostálgicos e lembranças do que poderia ter acontecido se fossemos atrás de nossos sonhos, sem que nenhum aspecto externo influenciasse a nossa decisão.
Não se sabe ao certo em qual momento da vida deixamos estes sonhos da infância de lado para irmos atrás da tal segurança, se isso acontece já na própria infância ou somente na puberdade, quando a realidade financeira de onde vivemos começa a fazer mais sentido.
O que se sabe é que, a partir de certa idade, existe uma cobrança pela aprovação em vestibulares famosos.
Em um futuro próximo, com os computadores cada vez mais dotados de algoritmos que os permitem realizar atividades padronizadas, fica evidente que qualquer ação humana que não dependa de conteúdos que contemplem aspectos criativos será inevitavelmente substituída pela máquina em um prazo muito curto.
Somente a inovação, o pensamento crítico e a capacidade de resolver problemas de forma diferente são vistos como únicos conjuntos de habilidades que dificilmente serão substituídas no curto prazo, muito por conta de sua característica, digamos, essencialmente humana.
E é nos sonhos de infância que se encontram as bases para esse comportamento inovador, o pensamento e a imaginação, combustíveis que servirão para resolver esses novos problemas que virão com a tecnologia. Estudos confirmam que cerda de 60% das crianças de hoje terão mais de uma profissão ou se enquadrarão em ocupações que ainda nem existem. Cercear a criatividade e o sonho de uma criança neste momento em que vivemos, seria totalmente desconexo com o mundo que os espera.
Seja um bombeiro, um arqueólogo, um médico, uma pintora ou mesmo um jogador de futebol ou um astronauta, é o momento da escola e da família alimentarem os sonhos das crianças, até que todo o conteúdo absorvido nessa fase da vida lhe traga maturidade de sozinhas, decidirem seu caminho. Afinal, o que seria da vida sem que nossos sonhos pudessem ser compartilhados e estimulados pelas pessoas que fazem parte de nosso crescimento: pais, professores e amigos.
Nossa função como educadores é exatamente esta. Estimular estes sonhos trazendo conteúdo, respeito pelas suas escolhas e muita motivação, para que a felicidade e o sucesso sejam o enredo de toda uma vida profissional que virá. Vamos sonhar juntos!
Por Alessandro Bernardo
Diretor de Planejamento do Educandário-Anglo,
Professor de Empreendendorismo, escritor e palestrante.